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segunda-feira, 21 de junho de 2010

VANESSA QUERIA SER BORBOLETA

- Antes de tudo quero pedir licença a dona da história, por tomar a liberdade de usar ela como inspiração. Quero oferecer esse texto para todas as "borboletas" que passaram e as que ainda vão passar pela minha vida. Ofereço especialmente para: Roberta, Adrielli, Rachel, Lana, Ilana e Cínthia. E principalmente para a Vanessa Thomaz. Minha irmã que Deus me presenteou.

( Baseado em "uma", várias histórias reais)


Para os mais próximos, Vanessa era aparentemente uma criança feliz. (não sei muito sobre sua infância, portanto tentarei transmitir em palavras da melhor forma possível). Brincava timidamente e, quase nunca abria uma covinha no canto esquerdo da boca. Vanessa ( Van como eu prefiro chamar) sofria com um enorme vazio. Um profundo buraco dilacerado. A ausência dos pais. Raramente alguém consegue superar isso (diz a psicologia que traumas de infância, levam a traumas ainda maiores quando adultos).

Já mocinha, em um determinado dia, Van estava deitada na grama, defronte a um "jardim" onde parecia ser mais um borboletário. Ficou em êxtase admirando as várias borboletas que voavam por entre as flores. Um enorme encantamento tomou conta de si. Via como nunca a beleza e a força, de um ser tão frágil. Voavam contra o vento, sem transparecer esforço algum. Admirava o brilho e as inúmeras cores. Eram de várias espécies. Uma verdadeira mutação. Percebia com muitos detalhes as asas de cada uma. Umas eram translúcidas e reluzentes. Outras de uma cor só. Umas eram grande. Outras pequenas. Mas todas borboletas...

Depois de algum tempo observando e com muita "clareza" o comportamentos das mesmas. Descobriu qual o motivo de tanta leveza e tal delicadeza. Percebera também que borboletas se alimentam apenas de folhas e pequenas urtigas, vivem num casulo, e quando criam asas, voam apenas poucos dias, e depois morrem (mas o suficiente para voar). Também correm grande riscos de serem devoradas por sapos e passarinhos. Logo veio um turbilhão de "respostas" não respondidas. Passara a admirar ainda mais, a força e a coragem de cada uma. Van, também queria possuir asas. Queria ser uma "borboleta" e enfim, voar em um mundo mágico. De incertezas. Talvez.

Van, olhava para si, e se sentia melancólica, inferir, anormal. Totalmente fora dos padrões dignos de uma borboleta. Sentimentos de ódio, predominavam a todo instante em seus pensamentos. Questões mal interpretadas e não respondidas era o que mais vagavam em sua mente perturbada. Porque não nascera uma borboleta? Porque não poderia voar também? Mas se tentasse, será que poderia se tornar uma delas? Como sempre foi determinada, Van achou que sim. Achou que poderia ser ajustável, maleável. Acreditou (com um pouco de dúvidas) na sua intuição previsível. Decidiu ir a luta. Aceitou de peito aberto o desafio. Tais desafios, que são digamos, até formidável para algumas pessoas "normais". Já se imaginou vivendo em um casulo escuro, alimentar-se de pequenas urtigas e ainda ter certeza que morrerá cedo, sem aproveitar muito o que chamam de vida? Van tinha certeza disso. Ou não. Mas aceitou. O desejo de se tornar uma borboleta era maior que tudo. O tudo era de fato maior. O importante era ser uma delas.

Nesse caminho de metamorfoses, Van conheceu outras futuras borboletas (e muitas). Se animava dando forças para cada uma (mesmo quando não tinha nem para si própia). Estava fazendo tudo direitinho. Exatamente igual o que as borboletas fazem. Cada passo, cada ato. Uma vez ou outra tinha algumas recaídas, mas logo achava um jeito de esvaziar a culpa. Aliviando-se (por mais que não se sentia totalmente aliviada). Com o tempo, e com muito sofrimento, (tentar ser borboleta dói, pode acreditar) Van, foi adquirindo medidas e conceitos. Estava a um palmo de conseguir se transformar. Mas estava ainda mais exigente. Queria mais e mais. Ir além do que ela mesma poderia ir. Ir além do "ser". Do ter. E possuir. Van se sentia ainda mais embaraçada, desonrada consigo mesma. Já não enfrentava mais o espelho. Nem menos saía de casa. Tinha medo que os "outros" notavam sua diferença. Sua falta de asas (embora nem todos tenham, eles julgam preceitos ) Seu casulo escuro e frio, era sempre o melhor conforto. Ou o pior. Não se sabe.

A pressão, de toda essa pressão, era tamanha. Deixava Van ainda mais rancorosa e depressiva. Chorava a todo instante. Cada respiração era uma lágrima. Cada lágrima um sufoco, cada sufoco pedia o fim. Deitada com as pernas sobre o peito, ela desenhava sonhos e imaginava cores. Quase sempre rabiscava seus sonhos de grafite. As cores eram sempre cinzas (com o tempo a memória das borboletas entram mesmo em escassez, e elas nem fazem muito esforço mesmo de tentar lembrar). As inúmeras borboletas antes admiradas, já não lhe importavam mais. Van, queria morrer, antes mesmo de sair do casulo, e poder voar. Gritava alto, o mais alto que podia. Mas ninguém ouvia, ninguém percebia. Seu grito era mudo. Sua presença era inotável, seu eco era nada. Ninguém mesmo se importava.

Van estava se consumindo, morrendo silenciosamente. Respirar no seu casulo escuro e frio, estava ficando cada dia mais impossível. Ainda muito debilitada, abriu uma frestinha e viu que tudo era mais claro lá fora. Percebera e ainda com muito mais clareza, que seria mais fácil continuar ali. Do que sair e encarar o mundo como ele realmente é. Van, ainda era uma "menina" frágil. Que tentava a todo custo se tornar uma borboleta. O mundo assombroso lhe assustava muito. (o mundo é podre, temos que inventar uma forma da nossa forma, para nos arriscarmos nele, pintar cores e imaginar que tudo é fantasia) E foi assim que Van pensou. Começou desenhar sonhos e pintar palavras. Imaginou que todos eram personagens. E se fez uma personagem também. Recriou-se (embora todo personagem é uma grande farsa). Por fim e com muito custo decidiu saiu do casulo. Tentando muito, esquecer o fracasso e a frustração de não conseguir ser uma borboleta. De não poder voar.

Essa personagem tem várias faces e rubores. Nexos e humores. Uma personagem perfeita, para um mundo imperfeito. Existe uma intensa tristeza interior e incurável. E uma culpa dolorosa por desistir no meio do caminho, ou pelo menos por abandoná-los por um tempo. Van tenta a todo custo, buscar outras formas de tentar esquecer tudo. Tenta tapar os buracos que prevalecem em seus pensamentos turvos. (isso é psicológico e incontrolável, não existe cessamento, apenas alguns alívios momentâneos). Busca outras formas de se sentir realizada (ou pelo menos tenta). Mas no fundo, uma grande agonia e tristeza prevalece. No fundo ainda existe uma borboleta que grita incessantemente pra ser libertada. No fundo há buraco desvariado sobre forte tempestade. No fundo há um grito infernal, uma loucura incontrolável, um melancolia asquerosa. E um "eu" aprisionado. Afinal, ela ainda é uma personagem.

Van, e muitas outras, ainda quer voar e se tornar uma linda borboleta. Mas se acostumou tanto, com o costume de tal personagem, que agora teme ser comidas por pássaros e devorada por sapos. Entre tantas recaídas da mesma, ela segue secretamente o passo das borboletas. Van não pode ver, mais suas cores são as mais reluzentes que eu já vi. Suas asas são as mais belas. E tem o coração mais vermelho que eu já pintei.

Todos nós nascemos pra voar. Van também nasceu. Basta imaginar. E você como seria o teu voo?

11 comentários:

  1. Nossa Larissa! Parabéns pela história.
    Eu ameiii!!!
    Vc escreve muito bem! Bem mesmo!
    Bjo!

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  2. Larissa, você escreve lindo! E SIM: todos nós nascemos pra voar. Se libertar do casulo e descobrir suas próprias asas é um processo difícil. Se soltar do personagem que inventamos pra nós exige desprendimento. Tirar a fantasia, às vezes, dá medo. Mas a vida é pra quem tem coragem. Desejo voos cada vez mais altos pra você!

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  3. Nossa amiga, me emocionei muito lendo o que vc escreveu. Pois é, também já sonhei em ser borboleta, mas parece que tenho medo de sair do casulo. Como pode, uma pessoa se perder dentro de si mesma?! É isso o que acontece comigo, todos os dias, já não sei mais destinguir o sonho da realidade, já não sei mais o que quero, nem pelo que luto. Ainda serei uma borboleta, e irei me libertar desse casulo. Voaremos juntas, eu e vocÊ! Te amooo...

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  4. Amiga estou adorando o seu blog!
    Vc realmente tem talento!
    sinceramente me identifico com as coisas que
    escreve.

    Beijos da amiga que te ama

    Debby

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  5. Meu blog foi indicado aos premios dardos e sunshine, agora estou indicando o seu é só seguir as regras, colar as imagens dos premios no seu blog, colar o link do blog que te indicou e indicar outros blogs

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  6. ... eu te amo.
    vou fazer parte do seu livro, e isso não tem preço.
    talvez a historia precise de adaptações, de modificações... Mas isso, eu deixo para o tempo te mostrar e assim, vc genialmente, descrever com esse teor de qualidade nas palavras...

    Por ora, apenas creia q EU TE AMO DEMAIS e que PRECISO de vc! Preciso MESMO. Preciso de vc cuidando de mim...
    Preciso saber q posso cuidar de vc...

    te amo e não me deixe, por favor, maaaaaaaaana!

    Fique com Papai... E eu sei q vc irá voar!

    Por ora, fique com meu amor e minha gratidão...
    E saiba, farei o q for preciso para nunca ficar longe de vc e pra tirar um sorriso de sua face, certo>
    Pq o sorriso q tenho hj, ao reler essa linhas, foi vc quem ajudou a construir...

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  7. Obrigada gente pelo carinho... Amo vcs! Essa é minha forma de desabafar. Ainda tenho muito que melhorar, são vcs que me dão forças pra seguir em frente!

    VOLTEM SEMPRE! E SIGAM... rs

    Bjooos Miil

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  8. Larissa! Você não me conhece. Vi seu blog por acaso e como me foi generoso o acaso, neste caso, se me permite a brincadeira com as palavras. Também tenho um blog, gostaria de te convidar a dar uma olhada. Estou te seguindo. Parabéns por seu trabalho.

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  9. http://odomadordequimeras.blogspot.com/
    Esqueci de deixar o link.

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  10. mana
    simplesmente sem palavras
    lagrimas que escorrem em minha face afirmam
    o quanto é profundo as palavras do texto
    esta de parabens por conseguir descrever esse sentimento de duvidas que sentimos mas q nem sempre conseguimos explicar e expressar.
    bju

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